terça-feira, 29 de março de 2011

China deve superar os EUA na produção de pesquisa científica


Um novo relatório da Royal Society, a academia de ciências do Reino Unido, descobriu que as nações emergentes, lideradas principalmente pela China, devem representar um grande desafio à tradicional supremacia de centros de pesquisa científica como Estados Unidos, Reino Unido e Japão.
O relatório, intitulado Knowledge, Networks and Nations: Global scientific collaboration in the 21st century, estudou várias tendências, incluindo alterações na fatia de publicações produzidas pelos países, e descobriu que a crescente participação da China na produção de pesquisas publicadas em nível global agora ocupa o segundo lugar, atrás apenas do líder científico mundial de longa data, os Estados Unidos.
Mais significativamente, talvez, a fatia americana de autoria global caiu de 26% para 21% nos períodos de 1993-2003 e 2004-2008, enquanto que, durante os mesmos períodos, a participação da China em autoria subiu de 4,4% para 10,2%, levando o país da sexta para a segunda posição mundial.

O professor Sir Chris Llewellyn Smith, membro da Royal Society e presidente do Grupo Consultivo do estudo, parece ter enviado uma mensagem de advertência às tradicionais superpotências científicas ao dizer que "Nenhuma nação historicamente dominante pode se dar o luxo de deitar sobre seus louros se quiser manter a vantagem competitiva econômica que ser um líder científico traz." O potencial da China de igualar e até mesmo superar a produção científica americana em termos absolutos, em curto e médio prazo, é dada como certa, segundo o professor. Uma análise das descobertas sugere que isso pode acontecer logo em 2013.
O aumento drástico na produção é consistente com a descoberta de que a China aumentou seu investimento em P&D (pesquisa e desenvolvimento) pesadamente ao longo dos anos - os gastos com pesquisa no país subiram 20% ao ano desde 1999, chegando a US$ 100 bilhões ao ano atualmente. O relatório também aponta que a China está formando um grande número de cientistas e engenheiros, e cita que 1,5 milhão destes se formaram em 2006.
Entretanto, existem dúvidas se a nação pode igualar a quantidade da produção com a qualidade. Usando o número de citações - registros de níveis/frequência em que uma pesquisa é referida ou citada por outros pesquisadores - como parâmetro, parece que os EUA e o Reino Unido continuam em o primeiro e segundo lugar, apesar de, com toda a justiça, deve-se mencionar que a China aumentou sua fatia de citações de zero para 4%.
A pressão sobre os estudiosos para que publiquem seus trabalhos é grande na China, e as universidades do país muitas vezes oferecem prêmios em dinheiro, benefícios de moradia e outras vantagens, com base no número de publicações. Diversas reportagens da mídia também chamaram atenção para a erosão da integridade das pesquisas como resultado de tal cultura.
O sociólogo Dr. Cong Cao, professor adjunto da Escola de Estudos Chineses Contemporâneos da Universidade de Nottingham, disse à BBC que, com tantos milhões de formandos ordenados pelas universidades a publicar seus trabalhos, os números são naturalmente elevados. Porém, ele acha que vai levar algum tempo para que alcancem os padrões ocidentais.
(Tradução:Shanna Marley)

Nenhum comentário:

Postar um comentário