sexta-feira, 27 de maio de 2011

Gabi: “Acha que ficaria de fora do Mundial?”



Gabi Garcia venceu peso a absoluto no Pan-Americano e campeã no Mundial Profissional, mas precisou tirar o pé do acelerador por uns tempos. Fora do Brasileiro e da BJJ Pro Cup, a faixa-preta da Alliance focou a recuperação de uma lesão para chegar na ponta dos cascos no Mundial da Califórnia.

“Como não estava com meu corpo 100% para lutar, decidi me poupar. Foram muitos campeonatos, um atrás do outro. A gente acha que sempre dá, mas não somos máquinas... Tem dias que choro no chuveiro de tanta dor no corpo”, conta a atleta, que não pensou em faltar ao Mundial. “A adrenalina e o momento da luta me fascinam... Você acha que eu ficaria de fora?”. Confira abaixo uma entrevista com a campeã peso e absoluto do Mundial 2010, que falou ainda sobre e expectativa de estrear no ADCC deste ano.

Como foi a volta aos treinos depois da lesão que você teve?

Na verdade não chegou a ter uma volta, pois eu não parei de treinar em momento algum. Fui fazendo fisioterapia e tratando meu ombro enquanto mantinha meus treinos, e minha preparação física com o Edson Ramalho também ficou voltada para o fortalecimento. O que aconteceu foi que me poupei de lutar na Itália e o Brasileiro, pois a viagem e o desgaste de um campeonato são muito grandes. Não é apenas chegar e lutar. Tem toda uma parte emocional e você tem que estar 100% física e emocionalmente. Como não estava com meu corpo 100% para lutar, decidi me poupar. Foram muitos campeonatos, um atrás do outro. A gente acha que sempre dá, mas não somos máquinas... O corpo pede descanso.

Você temeu que também precisasse ficar de fora do Mundial?

De jeito nenhum. Meu foco final é o Mundial. É o que eu espero o ano todo pra lutar. Eu luto todos os campeonatos que consigo, mas tive que abrir mão de lutar na Itália para chegar 100% focada no Mundial. Minha preparação foi muito forte, meus treinos chegando ao limite do corpo. Tem dias que choro no chuveiro de tanta dor no corpo, de tanto cansaço... Eu amo competir. A adrenalina e o momento da luta me fascinam.

O mais difícil é o treino, pois sou amassada pelos meninos. Todo dia é uma verdadeira guerra. Tenho que matar um leão por treino. Gurgel, Bernardo, Serginho, Leo Nogueira, Peinado, Langhi, Malfacine, Luanna, Boi, Jeitoso, Klebão, Thiagão, Alex, Guile, Matheuzinho, Gabrielzinho, Murilo, Andresa... Podia ficar aqui colocando uma lista de pedreiras e campeões que tem no meu treino do dia a dia. Acha que tem algo pior? Guerra pior?

Eu brinco com os meninos que uma vantagem neles é quatro pontos para as meninas (risos). Eu não tenho moleza na Alliance, graças a Deus. Tenho a oportunidade de treinar com a melhor equipe do mundo, e um absoluto por dia e chegou a hora do prazer, de colocar em prática todo o treino e todo o sofrimento. Você acha que eu ficaria de fora?

Os primeiros nomes já foram confirmados. Quem aponta como as maiores pedreiras da categoria?

Estou esperando mais nomes na categoria, mas com certeza o pesado será uma das categorias mais difíceis do Mundial. Entraremos eu e Andresa Correia, uma nova aposta do nosso feminino da Alliance, mas acho que a Lana Stefanac, Emily e Katrina são as meninas que vão ser pedras no meu sapato nesse Mundial. Mas não entro pensando em um nome em especial. Eu entro para lutar com quem for, eu não escolho adversária e não quero luta fácil. Para ser campeã, é preciso lutar com os melhores, e eu estou preparada para isso. Vou chegar no melhor gás, no melhor físico, e na melhor técnica da minha carreira. Vou lutar todas as lutas como se fossem a final.

E o absoluto, o objetivo é fechar novamente com a Luanna?

É lógico que espero fechar mais um absoluto com a Luanna. Ela também está na ponta dos cascos e nosso treino já está na reta final. Estamos indo para Los Angeles hoje fazer o camp do Cobrinha para a reta final. No domingo, nosso mestre Fábio Gurgel se junta a nós. As pessoas podem esperar “O Pink e o Cérebro” na melhor forma possível, e com gás e vontade de sobra.

O Mundial deste ano não contará com Roger, Bráulio e Xande. Você acha que isso tira um pouco do brilho do campeonato?

Com certeza. O Mundial é o maior show do nosso esporte, e não ter nomes como estes nos tatames de Long Beach... Com certeza faltará um pouco de brilho neste show. O Roger é o grande nome do nosso esporte, eu sempre espero poder ver o Roger lutar no Mundial. Fiquei chateada com a notícia. Espero que ele se recupere logo para voltar e dar mais shows nos Mundiais. Por outro lado, o caminho está um pouco mais fácil para algumas pessoas, e tem muita gente boa que pode chegar. Tem muita gente com chance de levar esse absoluto.

Após o Mundial, você vai focar o ADCC? Qual a expectativa?

Estou pensando em uma coisa de cada vez. Quero muito este título do Mundial, mas é a primeira vez que eu vou lutar o ADCC. E, se eu não tinha vida antes do Mundial, depois é que não vou ter mesmo. Vou me dedicar 100% no sem pano, e vou passar uns dias em Nova Iorque treinando com o rei do Jiu-Jitsu sem quimono, que é o Marcelinho. Quero muito este título e vou dar o meu máximo.

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