quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Clube de futebol paulista monta complexo de biomecânica para atender jogadores


Clube de futebol paulista monta complexo de biomecânica para atender jogadores
Infra-estrutura é compara a clubes do exterior c
Neste mês setembro, um ano após a inauguração do novo CT do Parque Ecológico, o Corinthians fará o lançamento oficial do Lab-Corinthians-R9, um moderno complexo de aplicação da biomecânica para o tratamento e prevenção de lesões para atletas profissionais. Idealizado pelo doutor em biomecânica Luciano Rosa, o centro foi pensado pelo médico Joaquim Grava, pelo fisioterapeuta Bruno Mazziotti e contou com o apoio de Ronaldo, que em agosto de 2010 participou da reunião que deu o pontapé inicial do projeto, inédito num clube de futebol do Brasil. O iG esteve no local na última semana.

“É importante o clube pensar nos seus atletas trazendo uma estrutura de ponta como essa. Não é inovador, não é inédito no mundo, mas é um grande passo para o esporte profissional no país”, comentou Mazziotti, responsável direto pela recuperação de Adriano que, em breve, também passará pelo laboratório. Com essa estrutura, o corpo médico do Corinthians quer ter em breve o mapeamento completo de todos os atletas da base para diminuir as chances desses jogadores se machucarem. “O que a gente percebe hoje é que os jogadores estão indo cada vez mais cedo para a mesa de cirurgia. Esse laboratório aponta as possíveis causas e ajuda a minimizar lesões. Evitar é impossível, porque o futebol é esporte de contato”, disse Bruno Mazziotti.

“São mais de 300 (atletas de base), mas com um cronograma bem organizado, vamos atingir nosso objetivo. Não é preciso fazer uma avaliação a cada dia, ou semana, uma vez a cada três meses já é suficiente”, completou Rosa. Apenas três clubes de futebol no mundo dispõem de uma estrutura para a biomecânica: Real Madrid, Milan e Porto. Cada vez mais aplicada ao esporte, essa modalidade da fisioterapia é vista como ideal para análise e diagnóstico e tratamento de lesões. “Esse tipo de laboratório existe nas universidades, mas nunca havia sido aplicado diretamente num esporte de alto rendimento. Era mais para pesquisa, num uso acadêmico, sem cobrança. Era uma lacuna científica que o Corinthians viu ser importante”, disse Rosa ao iG, dentro do laboratório corintiano, na última terça-feira.

No laboratório, os profissionais do Corinthians medem a força de contato, os ângulos e as velocidades das articulações durante os movimentos de salto, corrida, chute, entre outros movimentos de acordo com a necessidade clínica do atleta. Nas três plataformas instaladas no corredor central da sala, mede-se as forças de reação dos apoios durante a aceleração e a desaceleração, e desta forma pode-se analisar como esse esforço afeta as articulações e os músculos do atleta. Além disso, é possível também diagnosticar a forma da pisada do jogador, que descalço observa se a forma como pisa o chão é correta ou não.

“Nós iremos analisar os movimentos, e se encontradas alterações com influências clínicas, o atleta será treinado no laboratório com "biofeedback" (treinamento simultâneo com software de movimento) e com exercícios sensório-motores no departamento de fisioterapia, e após esse treino, o jogador irá voltar ao LAB para analisar os resultados. Com a associação entre os dados do laboratório e a análise clínica dos profissionais do clube, a reabilitação do atleta poderá ser otimizada, ou seja, será mais um parâmetro quantitativo para auxiliar o departamento médico", diz Rosa.

Até o momento, ainda com a instalação dos últimos equipamentos, apenas atletas da base do Corinthians que treinam entre os profissionais usufruíram das instalações. O zagueiro André Vinícius e o atacante Taubaté, em recuperação de cirurgias nos joelhos, são alguns deles. Atualmente em fase de definição de protocolo, está sendo instalado um sistema de eletromiografia para análise de fadiga muscular, (uma técnica de monitoramento da atividade elétrica muscular). O laboratório, quando estiver 100% pronto, custará em torno de R$ 700 mil.

Kaká, que viveu sérias lesões em 2010, passou por este procedimento num laboratório similar ao do Corinthians que existe na USP. Com o apoio de imagens de computador, são feitos diagnósticos de desequilíbrio muscular e de movimento. “É possível ver se uma perna faz mais força que outra num salto, se o ângulo ou a velocidade do joelho durante um salto, uma corrida ou um chute é o adequado ou se está sendo feito de uma forma que pode causar lesão”, disse Rosa.

Homenagem a Ronaldo

O nome do laboratório tem um R9 em homenagem a Ronaldo, que conheceu a estrutura do Milan e do Real Madrid e incentivou o Corinthians a ter algo similar no Brasil. A antecipação da sua aposentadoria, programada inicialmente para o final deste ano, não permitiu que o “Fenômeno” usufruísse das instalações.

“Certamente ele seria o modelo para os outros. Você vê ele jogando, o equilíbrio que ele tem para chutar. Realmente, nos exercícios de equilíbrio, a gente teria um padrão para analisar e interpretar como é que se deve fazer”, disse Rosa. “Eu vi um vídeo recente dele pelo Corinthians e se nota que ele era diferente. O equilíbrio dele era diferenciado, tinha uma performance altamente controlada para realizar os movimentos. Ele seria um excelente atleta para ser avaliado e ser utilizado de modelo”, completou.Para Bruno Mazziotti, que acompanhou a rotina de Ronaldo na fase final da sua carreira, o laboratório ajudaria o jogador a ter uma rotina menos extenuante no Corinthians.

“Se ele ainda estivesse jogando e utilizaria, sim, para um monitoramento, uma avaliação do aspecto físico que minimizasse as dores corrigindo alguns movimentos do corpo”, disse. Aposentado desde fevereiro, Ronaldo é aguardado para a inauguração oficial do laboratório em setembro como o Milan, Real Madri e Porto.


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