quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Gabi Garcia

Campeã de tudo em 2011, Gabi Garcia só tem motivos para comemorar. E agora ela o faz apoiada por um bando de loucos. Oficializada como atleta do Corinthians, ao lado de Anderson Silva, a bicampeã mundial peso e absoluto revelou à TATAME os planos para o futuro em sua carreira, que incluem até um reality show. Confira o bate-papo exclusivo com Gabi, que falou da emoção de representar o Timão ao lado do Aranha, a oportunidade de alavancar o Jiu-Jitsu feminino e, entre outros assuntos, contou que sofre “pressão” para lutar MMA: “Meu pai quer muito que eu lute”.

Com surgiu essa parceria com o Corinthians?

Eu sou atleta do Corinthians há seis meses e, por eu estar lá dentro do clube, eles tinham uma nova proposta. Me chamaram para fazer parte desse novo projeto do novo CT do Corinthians de lutas. Darei aulas de Jiu-Jitsu, treinando três vezes por semana, com um contrato como atleta do clube. Foi um contrato bem legal, que vai formar uma equipe de lutadores, então só tem a acrescentar ao Jiu-Jitsu e ao mundo da luta. O presidente (Andrés Sanchez) está empolgado com a repercussão que isso está tendo.

A gente te viu entrar na luta com o casaco do Corinthians. Em que mais consiste essa parceria?

A partir de agora o clube vai investir dinheiro nessa parte de lutas e a gente vai receber um valor mensal. Teremos médico, fisioterapeuta, toda uma equipe lá. O meu treinamento com o professor Ramalho (preparação física) também vai ser lá, e eu vou levar a bandeira do Corinthians agora. Toda a minha imagem está vinculada a eles. Eles podem usar a minha imagem na TV aberta, na mídia aberta... O Corinthians investiu R$ 120 mil nesse projeto e está querendo formar uma equipe de lutas para valorizar o esporte no país, e eu acabei entrando, além de ser um projeto para as crianças carentes.

Seria um time de MMA e um time de Jiu-Jitsu., mas por enquanto são só você e o Anderson. Eles já estão pensando em outros atletas?

Por enquanto, não. Eles querem dar um passo de cada vez para ver como isso vai repercutir na mídia. O esporte está crescendo muito no país, já recebi algumas propostas para lutar MMA. É bem difícil na minha categoria as meninas, mas eu recebi. O Corinthians está bem interessado em montar um centro de treinamento de lutas. Eles já têm o Judô, Caratê... Eles querem investir em outros esportes, sem ser o futebol. Eles querem fazer o Corinthians campeão não só no futebol, mas nos outros esportes, fazer do Corinthians um pólo do esporte. Assim que o Itaquerão estiver pronto vai ter um centro de treinamento lá também, onde o Anderson e eu vamos puxar os treinos, um projeto bem legal. Quem quiser treinar Jiu-Jitsu, MMA, Boxe e Muay Thai, pode vir procurar a gente no Corinthians, que vão ter os melhores professores lá.

Como é a sua relação com o Anderson e como você pretende fazer essa dobradinha?

Muita gente anda perguntando para mim como vai ser, porque o Ramon Lemos (líder da Atos) treina o Anderson, mas, na verdade, no Corinthians, a gente não vai levantar bandeira nenhuma. Não vai mais ter Alliance... Eu vou continuar lutando como Alliance, é a minha equipe, meu mestre é o Fábio Gurgel, mas vou carregar no meu quimono, na minha lycra e em todo o meu equipamento de trabalho, o símbolo do Corinthians. Mas, como o Anderson, que tem a equipe dele, e no centro de treinamento é Corinthians. Não é Atos, não é Alliance, é Corinthians. É valorizar, tornar profissional o nosso esporte também independente da bandeira da academia, tem o profissionalismo de um clube de futebol.

Você já conhecia o Anderson?

Eu já conhecia o Anderson antes mesmo de ele lutar no UFC. Ele é uma pessoa muito bacana, admiro muito a trajetória dele, de onde ele veio e onde ele está hoje. É um grande nome do esporte, um cara super humilde, e ele está bem empolgado. Na verdade, a gente estava conversando sobre esse negócio da idade, porque eu estou com 25. Ele falou: ‘pô, eu tenho dez anos a mais do que você’. Isso sobre ele parar de competir, sobre os rumores todos que estão rolando. Acho que ele está aflorando essa parte de dar aula, de ter o lugar e a academia dele. É surreal a estrutura que o Corinthians montou lá.

A gente ficou debatendo isso com o presidente: o quanto a gente treina, o quanto a gente faz dieta e os jogadores de futebol, no Brasil, são muito mais reconhecidos. A gente treina muito mais, mas vai crescer. Se o Corinthians tem o melhor time, o Palmeiras vai querer ser o melhor time, o São Paulo vai querer ter o melhor time, o Santos, o Flamengo, e assim vai. Eu acho que vai popularizar o nosso esporte. E outra coisa é que eles querem levar para a comunidade, para as pessoas que não têm condições de treinar, e fazer um preço mais popular. Atingindo a população, aqueles que não têm dinheiro para treinar, não têm as condições, acho que a gente vai popularizar o nosso esporte.

Você falava que a proposta é expandir e popularizar o esporte e valorizar a marca do Corinthians, mas você também vai ter a chance de ser apresentada ao grande público, às pessoas que não acompanham tão de perto o esporte. Já parou para pensar nessa chance de reconhecimento?

Já, já sim. O presidente também já conversou comigo sobre isso. Até o próprio Anderson. Não me considero a melhor, eu me considero a mais preparada hoje em dia, e é isso que o Corinthians quer. Eu luto até sem saber qual é a premiação do evento. Lutar por amor é o que o Corinthians quer. Eles querem alguém que erga a bandeira do Corinthians. É isso que o corintiano gosta, porque o corintiano é fanático. Eu estou muito feliz, fui muito bem recepcionada por eles. A gente foi convidado a ir aos jogos de futebol. A TV Corinthians já tinha feito umas matérias comigo e agora vou fazer outras matérias com eles.

A assessoria de imprensa e o marketing do Corinthians vão tomar conta da minha carreira agora, porque eu passo a ser uma atleta profissional do Corinthians, então eles vão cuidar da minha imagem. Eu estou muito feliz por ser uma mulher e ter sido eu a escolhida para representar o Jiu-Jitsu, porque vai abrir portas e mostrar o que o Jiu-Jitsu pode ter, o que é ser campeão mundial. Lutador é aquele que treina para caramba, que faz dieta... Pode ser que eu esteja gravando um reality show sobre a minha vida. Tem coisas bem legais vindo adiante e eu acho que é só a primeira porta que o Corinthians está abrindo.

Já pode dar mais detalhes desse reality show?

Eu não posso falar o nome da emissora ainda. É um canal de TV pago, que quer porque tem muita gente que me segue no Facebook, no Twitter, e aí acabou pegando uma população grande. As pessoas querem saber o que eu como, que horas que eu acordo, se eu treino mesmo tudo que eu falo. Às vezes as pessoas não acreditam que eu treino tanto. Eles estão querendo ficar um mês comigo na época de uma competição. A gente está pensando nas datas ainda, mas é para gravar da hora que eu acordo até a hora de dormir. Vai ter câmera no meu quarto, na minha casa... O programa já existe, acho que vocês devem até conhecer, mas agora vai ser comigo como atleta, para mostrar como é a dieta, que horas acorda, quanto tempo treina, como é o descanso... Na verdade não está nada certo, não assinei ainda, até por burocracia. Isso tem que estar sendo passado para o Corinthians agora também, mas acho que vai rolar sim e que vai ser uma coisa muito bacana. Mas assim que eu acertar tudo eu já conto para vocês da TATAME (risos).

O Anderson recentemente entrou em campo e foi saudado pela torcida....

Está certo, eu vou entrar. Na verdade, já tinham me convidado. Não deu para ir por causa dos campeonatos, mas eu provavelmente vou entrar no Brasileiro para ser apresentada à torcida. Vai ser bem legal. Foi bem gratificante para o meu trabalho, não tem nada que pague. Ser chamada na sala do presidente do Corinthians, ao lado do Anderson Silva, e ter uma conversa com ele sobre popularizar o esporte... Aquilo foi muito legal, porque estou abrindo portas para o Jiu-Jitsu, especialmente para o Jiu-Jitsu feminino, que ainda não estão tão abertas. Eu fui a escolhida para representar o Jiu-Jitsu, foi um grande prêmio, senão o maior prêmio para mim até hoje.

Como surgiu esse amor pelo Corinthians? Quando começou a torcer?

Eu sou gaúcha, de Porto Alegre, e nunca gostei de futebol. Eu brinquei, até falei para o presidente que o meu lado masculino ficou todo no Jiu-Jitsu (risos). Eu não gosto muito de futebol. Não é que eu não goste, é que eu não entendo de futebol. Sempre fui boa em todos os esportes quando era criança, mas no futebol eu sempre fui a pior (risos). O que me encanta no Corinthians é a torcida, o amor ao clube, o amor à bandeira. Eu sou uma pessoa que tem um amor muito grande pela minha equipe, a Alliance. Eu carrego uma tatuagem da Alliance, do meu mestre. Essa torcida, esse amor é o que faz um campeão. E é muito legal ter uma torcida como a do Corinthians do lado da gente. O corintiano ama, ele vai atrás, ele torce, ele chora, ele grita. Eu sou da fiel, eu sou do timão, sou do bando de loucos.

Você falou que recebeu muitos convites para lutar MMA. Isso passa pela sua cabeça?

Em time que está vencendo não se mexe. Estou com 25 anos, estou nova ainda. Ganhei dois títulos absolutos no Mundial e quero pelo menos mais uns três. Quero firmar meu nome no Jiu-Jitsu feminino, quero ser lembrada nas próximas gerações. Quero que o Jiu-Jitsu feminino cresça cada dia mais. Estou aparecendo, estou fazendo acontecer o Jiu-Jitsu feminino, e acho que não é a hora de mudar, não é a hora de ir para o MMA. Tenho que valorizar um pouco mais a minha carreira, porque, na verdade, foram dois anos que eu estou ganhando, que não é nada perto de grandes lendas como Roger, meu mestre Fábio Gurgel e tantos outros atletas. Não sou ninguém perto deles. Quero lutar Jiu-Jitsu muitos anos ainda, independente do dinheiro que for ou da proposta que for para lutar o MMA.

Sua família apoiaria essa transição para o MMA?

O meu pai quer muito que eu lute, fica perguntando quando eu vou voltar a treinar, porque eu já treinei Boxe durante um tempo... Vamos ver, eu penso sim. Quem sabe depois do Mundial do ano que vem eu volte a treinar, e mais uns dois anos eu parta para o MMA.

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